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Alimentos: inflação global e tendências para 2023

Carlos Cogo

Carlos Cogo

Sócio-Diretor de Consultoria

COGO INTELIGÊNCIA EM AGRONEGÓCIO

Apesar do aumento na variedade de alimentos decorrente da globalização, fatores como a guerra na Ucrânia, a pandemia e outros acontecimentos de escala global também corroboram para preços mais elevados dos produtos alimentícios. Segundo o Índice de Preços de Alimentos das Nações Unidas (ONU), os valores estão 25% mais altos do que antes da explosão da Covid-19. Nos Estados Unidos e em vários países do mundo, a inflação dos alimentos atingiu a máxima de várias décadas. Entre os fatores que impulsionam os preços, executivos e economistas da indústria de alimentos destacam as interrupções na fabricação e no transporte decorrentes da pandemia e o impacto da guerra na Ucrânia nos preços de energia e grãos, por exemplo.

 

Embora esses problemas possam diminuir e alguns fornecedores digam que tentarão comprar mais perto de casa, os analistas esperam que as oscilações de preço sejam mais frequentes. Segundo a Universidade da Pensilvânia, quando as pessoas pensam no comércio globalizado, não pensam que um dos principais componentes da globalização seja a cadeia alimentar. A maior complexidade dessa cadeia alimentar torna o abastecimento de alimentos extremamente vulnerável a choques de oferta. Os preços dos alimentos permanecerão voláteis no próximo ano, em virtude da escassez de energia, problemas de abastecimento de commodities agrícolas importantes e altos preços de fertilizantes. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos país (USDA), os preços dos alimentos no país subirão de 3% a 4% no próximo ano, acima das taxas históricas.

 

Segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a economia global deve desacelerar ainda mais no próximo ano, à medida que o enorme e histórico choque energético desencadeado pela guerra na Ucrânia continua a estimular pressões inflacionárias, minando a confiança e o poder de compra das famílias e aumentando os riscos em todo o mundo. Dessa forma, a economia global deverá crescer bem abaixo dos resultados esperados antes da guerra, em modestos 3,1% este ano, antes de desacelerar para 2,2% em 2023 e se recuperar moderadamente para um ritmo ainda abaixo da média de 2,7% em 2024. O crescimento em 2023 depende fortemente das principais economias dos mercados emergentes asiáticos, que serão responsáveis por quase três quartos do crescimento do PIB global no próximo ano, com os Estados Unidos e a Europa desacelerando acentuadamente.

 

Com relação à inflação, a previsão é de que ela deverá permanecer alta na área da OCDE, em mais de 9% este ano. Porém, à medida que uma política monetária mais restritiva entra em vigor, as pressões sobre a demanda e os preços da energia diminuem e os custos de transporte e prazos de entrega continuam a se normalizar, a inflação será moderada gradualmente para 6,6% em 2023 e 5,1% em 2024. A economia global está enfrentando sérios ventos contrários. Lidando com uma grande crise de energia e os riscos continuam apontando para o lado negativo com crescimento global mais baixo, inflação alta, confiança fraca e altos níveis de incerteza, tornando muito desafiadora a navegação bem-sucedida da economia para sair desta crise e voltar para uma recuperação sustentável.

 

O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) permaneceu praticamente inalterado no mês de novembro, com uma média de 135,7 pontos ante 135,9 pontos em outubro, queda de 0,2 pontos (0,15%) ante o mês anterior. O índice permaneceu ainda marginalmente acima (0,3%) do seu valor no mês correspondente em 2021. Foram observadas quedas nos preços de cereais, laticínios e carnes, que quase compensaram os aumentos dos óleos vegetais e do açúcar. É o oitavo mês consecutivo que o índice registra baixa.

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O subíndice de preços dos cereais teve média de 150,4 pontos no mês passado, queda de 1,9 pontos (1,3%) em relação a outubro e 9 pontos (6,3%) acima de seu valor de novembro de 2021. O trigo caiu 2,8%, pressionado pela renovação do acordo do corredor de exportação de grãos da Ucrânia pelo Mar Negro e diminuição na demanda pelo cereal dos Estados Unidos. Os preços do milho recuaram 1,7%. Os preços globais da cevada tiveram crescimento de 2,5%, enquanto o sorgo teve redução de 1,2%. O subíndice de preços dos Óleos Vegetais teve média de 154,7 pontos em novembro, aumento mensal de 3,4 pontos (2,3%), após apresentar queda por sete meses consecutivos.

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